A 1º semana de jardim de infância - crianças a chorar e pais ansiosos. Este é o cenário que se vê no início de ano na entrada do jardim de infância. Este ano os PIRIKITOS estão muito bem!!! Por vezes surgem momentos tensos para eles e também para nós educadores, que, sem a exata compreensão sobre o que se passa com os nossos pequeninos, tentamos a qualquer custo fazer com que eles se sintam à vontade no novo ambiente. Por isso torna-se importante que nas últimas semanas do ano ou na primeira antes do início do ano letivo a equipa pedagógica se reuna para se preparar para estas situações. Um bom caminho é, nas reuniões promover discussões para derrubar alguns mitos que rondam o período de adaptação. Os educadores e assistentes operacionais terão mais segurança ao agir e certamente terão mais sucesso na integração dos Pirikitos à escola sem traumas. Ao sair do seu ambiente familiar, a criança aos poucos deixa a fase de anomia, que é o desconhecimento das regras sociais, e passa para a heteronomia, ou seja, começa a reconhecer as normas de convívio,contudo ainda não as incorpora. A adaptação, portanto, nada mais é do que uma passagem bem marcada da primeira para a segunda fase. "O processo é demorado e somente ao longo da vida ela chega à autonomia, tornando-se responsável pelos seus atos." Já para os pais, o momento é mesmo de nervosismo e apreensão: "Eles ainda não têm total confiança na escola e precisam de informações para se sentirem seguros", É preciso saber lidar com os familiares, pois eles são importantes no processo de aprendizagem. Cabe a nós educadores intermediar a relação entre a escola e os pais, suprindo-os com os dados necessários sobre a rotina e a interação dos filhos com as propostas pedagógicas.
Criança que não partilha brinquedos não está adaptada?
" Tens que emprestar o boneco aos teus amigos." Frase como esta é comum no jardim de infância. Para a criança, muitas vezes, pode soar como uma ordem, uma obrigação, causando choro e recusa. Aos olhos dos adultos, a negação da criança em dividir é vista como egoísmo. Criar uma situação ameaçadora, aumentando o tom de voz ou sugerindo uma punição caso a criança não divida ou colabore com um colega, não é o caminho. A criança encontra-se num momento autocentrado do seu desenvolvimento e desconhece as regras de convivência social. A compreensão do sentido e do prazer de compartilhar virá posteriormente, depois de um processo mais amplo de reconhecimento do outro.
O trabalho com estratégias de partilha e colaboração pode ser facilitado se o educador for orientado a montar em sala grupos mais pequenos, com duas ou três crianças, e promover negociações - como o de que a criança pode ficar com um brinquedo por certo tempo, mas que depois deve cedê-lo ao colega. Agir de maneira firme e ao mesmo tempo acolhedora, a fim de mediar os conflitos e não negá-los ou resolvê-los de forma impositiva, é outro conselho. Na hora do impasse, o ideal é expor o conflito e descrever para a criança as consequências de querer o objeto só para ela. Além disso, incentivar que elas verbalizem o que estão sentindo e encontrem soluções em conjunto ajuda no processo de mudança de atitude.
No jardim de infância têm que ser amigos de todos?
"Que feia! Dá a mão à Maria"" Fazer com que as crianças se tornem amigas não é tarefa da escola, mas ensinar a conviver é um conteúdo imprescindível na educação de infância. Nem crianças nem adultos são amigos de todas as pessoas que conhecem e nem por isso a convivência pessoal ou profissional é inviável. O papel do educador é incentivar e valorizar o que as crianças têm em comum. A escolha sobre com quem elas desejam ter uma relação mais próxima é absolutamente dela. No período de adaptação à escola, primeiro há a criação do vínculo para que a brincadeira escolar aconteça. Ela deve estar baseada no respeito entre as crianças e entre elas e os educadores. Aos poucos - e naturalmente -, a afetividade vai sendo construída baseada nas afinidades dentro do grupo.
Quando estão integrados no grupo, os pequenos não choram?
Basta chegar à escola que as lágrimas aparecem. Se a mãe vai embora, elas aumentam. Na hora de brincar, de comer, choro. Ficamos desesperadas e tentamos distrair os Pirikitos mostrando imagens ou arrastando-a para um canto com jogos ou brinquedos. Um engano, pois essa atitude pode atingir o objetivo imediato - que é acabar com o choro -, mas não resolve o problema. O que acontece é que essa manifestação é apenas um sintoma do desconforto da criança. Interpretar esse e outros sinais - como inapetência e doenças constantes - é fundamental durante a adaptação. O que eles significam? Por outro lado, a ausência do choro não quer dizer que a criança está necessariamente a sentir-se bem: o silêncio absoluto pode ser um indicador de sofrimento.Uma criança que passa longos períodos a chorar necessita de acompanhamento mais próximo. Este acompanhamento deve ser ser feito pelo próprio educador até a criança se sentir mais segura. Ajuda também ter um plano para receber bem as crianças na primeira semana de atividades. O uso de tintas, água e brincadeiras coletivas variadas é um exemplo de práticas atraentes que ajudam os Pirikitos a interessarem-se pelo novo espaço. Permitir que as crianças tragam objetos de casa - como fraldas, panos e brinquedos, que vão sendo retirados paulatinamente - auxilia a reduzir a insegurança.
A presença dos pais nos primeiros dias atrapalha a adaptação?
Na porta do jardim de infância, uma dezena de pais acotovela-se querendo ver os filhos em atividade. A cena, pesadelo para muitos educadores, que não sabem se hão-de dar atenção às crianças ou aos adultos, é representativa de um elemento essencial para que a adaptação aconteça bem: a boa integração entre a família e a escola, que deve acontecer desde o começo do relacionamento. Nem todo pai ou mãe conhece as fases de desenvolvimento da criança e as estratégias pedagógicas usadas durante a adaptação. A troca de informação é fundamental na transição dos pequenos do ambiente familiar para o escolar. A ansiedade dos pais vai diminuir à medida que a confiança na escola aumenta - e isso só acontece quando há informações precisas sobre o percurso dos seus filhos.
Acolher as famílias, fazer entrevistas para conhecer a rotina da criança e explicar o funcionamento e a proposta pedagógica da escola, além de estabelecer acertos sobre a permanência dos pais na escola durante o período de adaptação torna-s imprescindível. Criar juntamente com os pais um guia de orientação - como conversar com a criança sobre a ida à escola, a importância de levá-la até a sala e de chegar cedo para evitar tumulto - pode evitar problemas. Além disso, desenvolver um relatório de distribuição periódica, com informações sobre os progressos na aprendizagem e na socialização das crianças ajuda a diminuir a ansiedade dos pais.
Sem comentários:
Enviar um comentário